São João do Oeste – Em muitas ocasiões, a vida impôs dificuldades a família de Brás e Irena Endler, colocando a prova a força do amor, do companheirismo, da fé e da esperança em dias melhores. Família, o bem mais importante, sempre esteve em primeiro plano, e é por ela que o casal lutou para garantir não apenas o sustento, mas o cuidado e a proteção necessários. Brás e Irena residem na Linha Fortaleza, comunidade na qual ele nasceu, cresceu e permanece até os dias de hoje. Já a esposa veio de outra cidade com a família, mas também acompanhou e viu São João do Oeste crescer e se desenvolver.
Brás Endler, de 78 anos, foi batizado na verdade com o primeiro nome de Blásio. Mas, por conta da segunda guerra mundial, nomes em alemão não foram registrados naquele período. Ele nasceu em 1946, quando a guerra já havia terminado, mas ainda deixava vestígios através de restrições impostas as famílias.
No mês de julho se completam os 94 anos em que os pais de Brás vieram de Venâncio Aires, Rio Grande do Sul. De lá, o casal veio com três filhos, e a mãe estava grávida do quarto. Inicialmente a família se instalou em Sede Capela, na época Porto Novo, e tempo depois construí um “rancho rústico”, praticamente todo de madeira roliça, na propriedade em Linha Fortaleza.
Quando os pais de Brás chegaram a Fortaleza, em 1931, já tinha outros dois casais morando na localidade, e que haviam se instalado cerca de três anos antes. A madeira para construir a primeira casa foi trazida de Sede Capela a cavalo. O assoalho foi colocado apenas no local que servia de dormitório, e o restante da casa era de chão batido.
Brás foi o último dos oito filhos do casal. Por ser o filho mais novo, aos 16 anos precisou assumir a propriedade, pois seu pai já havia falecido, os outros irmãos tinham saído de casa e ele estava sozinho com a mãe.
Sua futura esposa, Irena Maria Rohr Endler, hoje com 79 anos, morava em São João do Oeste, na época ainda território rural, e trabalhava no hospital Santa Casa Rural quando conheceu Brás. Seu pai veio do RS para morar com duas irmãs na comunidade de Jabuticaba. Depois, ao casar com sua esposa, que também tinha origem do Rio Grande, a família foi residir em Capela, Itapiranga. Irena lembra de um episódio que ocorreu com sua mãe e seus avós, quando estes vieram de mudança de Santa Rosa, Rio Grande. A família construiu um local para se abrigar em Capela, e ao retornarem ao RS para buscar parte dos pertences, quando voltaram, bandidos haviam levado o que tinham no acampamento no interior de Porto Novo. Tempo depois, devido a problemas de saúde que a mãe de Irena tinha, a família se mudou para São João do Oeste.
No período em que sua família residia em Capela, Irena havia trabalhado três anos no hospital de Venâncio Aires. Em função da doença de sua mãe, acabou tendo que retornar para casa e cuidar dela. Quando ficaram sabendo de sua experiência, foi convidada pelas irmãs que atuavam na instituição de São João do Oeste naquela época para trabalhar na enfermagem. No hospital, ficou por seis anos. Após, se casou com Brás, foi residir com ele na Linha Fortaleza e auxiliar nos cuidados da sogra, que já estava com 75 anos na época.
Brás e Irena se casaram no dia 14 de janeiro de 1978 na igreja de Fortaleza, sendo que este ano completaram 47 anos de casados. Quando foi residir com o marido, Irena passou a auxiliá-lo nos afazeres da propriedade, onde cultivavam diversos alimentos para consumo, e também plantavam fumo e milho, criavam suínos e os chamados “bichos da seda” como forma de obter renda.
Durante 12 anos Brás e Irena cuidaram da mãe dele, e depois que ela faleceu, também ficaram responsáveis por cuidar dos pais dela, que devido a idade avançada, passaram a residir com o casal. A mãe de Irena faleceu meses depois, e o pai ainda viveu seis anos. Junto ao cuidado dos pais, o casal também criou os dois filhos, Marinês e Juarez, que na época eram pequenos.
Há dois anos, Brás e Irena passaram pelo momento mais difícil de suas vidas ao perderem a filha Marinês, na época com 38 anos de idade. Irena conta que ela era uma pessoa saudável, trabalhava, tinha planos de construir casa ao lado dos pais e ficar responsável pelo cuidado deles. Marinês estava em um evento de família quando passou mal e faleceu de forma fulminante. Até hoje não há uma explicação exata sobre o que de fato aconteceu.
Nos momentos de lazer, o casal gosta de frequentar os encontros dos idosos na cidade, do convívio em família, com destaque para os momentos com os netos Lucas Davi e Gabriel Henrique, e se mantêm muito ativo com os afazeres da casa, do pátio, da horta e o trato dos animais. Cultivam diversos alimentos, como hortaliças, que garantem refeições saborosas e saudáveis a família.
