Mondaí – Na sexta-feira, 13, a comunidade de Catres, foi sede de um evento histórico: a pré-estreia gratuita do documentário Pedra Vermelha, longa-metragem da Margot Filmes que retrata quatro décadas de resistência popular contra a construção da Usina Hidrelétrica de Itapiranga, no Rio Uruguai.
O documentário foi dirigido por Ilka Goldschmidt e Cassemiro Vitorino, o filme mergulha na história de luta das comunidades ribeirinhas e dos povos originários da região, ameaçados desde a década de 1980 pelo projeto hidroenergético que, se concretizado, alagaria terras, apagaria memórias e destruiria modos de vida ancestrais.
Na oportunidade da estreia, Francine Kuffel, ativista atuante do MAB, leu uma poesia, e destacou os símbolos da luta contra as barragens: “Terra, água, Bíblia e o terço, frutas, ferramentas, Bandeira, a Pedra Vermelha, e o mapa do Dilúvio”. Antes de iniciarem o filme, realizaram seu grito de resistência: “Água para a vida, e não para a morte”. O restante do evento também foi conduzido pelo coordenador do MAB, Pedro Eloir Nelchior.
Tiveram a oportunidade de se manifestar os diretores do filme, Ilka e Cassemiro, Luís Mallmann, representando a comunidade do Catres e Roque Theobald, representando o MAB, e a deputada estadual, Luciane Carminatti. Aproximadamente, 150 pessoas presigiaram a estreia do filme.
Sobre o filme
Com 97 minutos de duração e depoimentos de 37 personagens, Pedra Vermelha se debruça sobre os impactos do Inventário Hidroenergético da Eletrobrás — plano traçado ainda nos anos 1960 para a construção de 25 grandes barragens no Rio Uruguai. O filme evidencia a resistência organizada por agricultores, lideranças religiosas, sindicatos, ambientalistas e movimentos sociais como o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MMC (Movimento das Mulheres Camponesas).
O trabalho é fruto de quatro anos de intensa pesquisa, com acesso a acervos do MAB, da Arquidiocese de Chapecó, do Centro de Memórias do Oeste de Santa Catarina (CEOM), além de documentos e registros históricos da própria comunidade. Pedra Vermelha foi viabilizado com recursos do Prêmio Catarinense de Cinema, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC).
