Mondaí – Durante uma reunião do Conselho Municipal de Agricultura, um ponto amplamente debatido foi a preocupação com a Brucelose e a Tuberculose bovina, doenças que podem comprometer economicamente especialmente as propriedades leiteiras. A discussão girou em torno da possibilidade de contaminação também pelo gado de corte, que muitas vezes transita entre propriedades sem a realização dos exames sanitários obrigatórios. Em Mondaí, são cerca de 130 criadores de gado de corte e mais de 280 propriedades leiteiras.
A Brucelose e a Tuberculose bovina continuam sendo duas das principais doenças zoonóticas que afetam rebanhos, exigindo atenção redobrada dos pecuaristas, órgãos de defesa sanitária e da população em geral. Ambas são causadas por bactérias. No campo, os reflexos dessas doenças são sérios: queda na produtividade, abortos em vacas prenhas, descarte precoce de animais, além de prejuízos econômicos e restrições comerciais.
Conforme o veterinário municipal, César Benetti, a detecção da Brucelose e Tuberculose é feita por meio de exames específicos, como o teste do antígeno acidificado tamponado (AAT) para Brucelose e o teste da tuberculinização para Tuberculose, realizados por médicos veterinários habilitados. César explica que quando uma propriedade tem um ou mais animais que testam positivo para qualquer uma das doenças, entram em vigor rígidos protocolos sanitários, como a interdição da propriedade, ficando impedido de comercializar, transportar animais no rebanho até a regularização, podendo apenas comercializar para frigoríficos. O abate sanitário dos animais positivos, ou seja, os bovinos reagentes devem ser eliminados, e após 60 dias, após a recolha dos positivados, deve-se realizar retestes no rebanho, após o manejo inicial, é necessário realizar novos testes em todos os animais da propriedade em prazos determinados, para garantir que a doença não persista no rebanho. Somente após testes negativos consecutivos e vistoria técnica, a propriedade é desinterditada.
O veterinário detalha que a melhor forma de combater Brucelose e Tuberculose é por meio da prevenção. No caso da Brucelose, é obrigatória a vacinação de bezerras, e o controle também envolve a aquisição de animais apenas com exames negativos recentes. Para a Tuberculose, não há vacina disponível, e o controle depende da testagem periódica, do isolamento dos casos suspeitos e da eliminação dos positivos.
A superação de uma propriedade que positivou para Brucelose
O ano era 2021, e a família Goldbeck, de Mondaízinho, que já há muitos anos trabalhando com o gado leiteiro, decidiram por conta própria certificar a propriedade como propriedade livre da doenças. Na época, o casal Dionatan Goldbeck e Cleide Meier, estavam com ideia de largarem os empregos na cidade, para se dedicarem integralmente a propriedade dos pais de Dionatan, dona Ilia Goldbeck e Adir Goldbeck.
Com a ideia de começar da forma certa, foram em busca de certificar a propriedade, mas o susto foi grande, ao receberem os resultados dos exames, tendo 31 animais entre vacas e novilhas, dos 38 que tinham na propriedade, positivados para as doenças, sobrando apenas sete animais na propriedade, e destes, ainda quatro eram descarte. A maioria dos animais haviam sido comprados recentemente, aproximadamente seis meses antes.
Dionatan conta que a partir dos positivos, os animais foram para o abate, chegando ao prejuízo de aproximadamente R$ 200 mil, e o valor recebido pelo frigorifico, R$ 21 mil, pelos animais. Realizaram a tentativa de receber recurso do estado pela perda, mas infelizmente, não conseguiram. O recomeço foi difícil, tendo apenas as três vacas que sobraram, e com a perca dos animais, o banco não financiou valores para que pudessem se reerguer, com a justificativa de não ter movimento econômico, sem os animais. A família comenta que conseguiram se reerguer, pois haviam recursos financeiros que haviam economizado meses antes, quando o preço do leite estava em alta, se mantiveram nos empregos na cidade, e dessa forma, começaram novamente, e aos poucos, adquiriram 15 vacas.
Um ano após a perca, a família recebeu a certificação de propriedade livre das doenças. “Conseguimos dar a volta por cima, pois não dependíamos só dessa atividade, tínhamos nossos empregos, e ainda tínhamos trator, então, ficamos direto prestando serviços para outros para conseguir dar o giro, e insistimos nesse ramo, porque realmente gostamos, trabalhamos dia e noite, até conseguirmos nos estabilizar”, contam.
Secretaria de Agricultura fornece subsídio para realização de exames
A Administração Municipal, através da secretaria de Agricultura, fornece o subsídio no valor de R$ 15,00 por exame, para os produtores realizarem os exames em seus rebanhos, tanto para a certificação, como para a manutenção.
Conforme o secretário, Sidinei Bassorici, o auxílio é para incentivar as propriedades a fazerem a certificação, de brucelose e tuberculose. “É um incentivo que buscamos fomentar para que as propriedades façam esses exames, pois é uma garantia de ter a sua propriedade livre de prejuízos, então orientamos, que todos os animais que entrarem nas propriedades, deve-se ter o exame, para que se diminua o risco de contaminação.” Complementa que estão com diversos casos positivos no município, em virtude da ausência dos exames, então, solicita a colaboração, para que os produtores realizem os exames. “Mesmo para quem não consegue fazer a certificação, pois os custos são mais significativos, a prefeitura dispõe do veterinário, que realiza esses exames de brucelose e tuberculose,” declarou.
Bassorici reforça que a Administração efetua esse auxílio para induzir as propriedades a se regularizarem, para evitar problemas, e não correr o risco de ter suas propriedades interditadas.
