Coopafasjo e Epagri orientam sobre manejos de cobertura verde para preservação do solo e melhora nos resultados da lavoura
Na área localizada ao lado da Cooperativa Mista da Agricultura Familiar, Coopafasjo, onde durante o ano é feito o cultivo de culturas como o milho, no momento, aproveitando o período de inverno, estão plantas de cobertura verde para recuperação e fortalecimento do solo. Neste espaço, a cooperativa, em parceria com a Epagri, realizou recentemente um dia de campo sobre manejos de plantas de cobertura de inverno, pastagens anuais de inverno e preparo do solo para plantio de milho e soja.
O gestor da Coopafasjo, Dirceu Babick, ressalta que o objetivo da cooperativa com a aquisição desta área onde foi implantado o campo tecnológico é testar as tecnologias oferecidas aos associados, também fazer as demonstrações, trazendo conhecimento e maior clareza aos produtores referente aos manejos que executam. O gestor da Coopafasjo lembra que anteriormente as áreas de experimento eram realizadas nas lavouras dos produtores, mas avalia que a propriedade não pode mais servir para testes, pois precisa ser assertiva na produção. Para isso, avalia importante a parceria com a Epagri, no repasse das orientações e a prática a campo.
O extensionista da Epagri, Marcelo Rohden, destaca que nesta área estão cultivadas quatro variedades de cobertura: nabo forrageiro, centeio, aveia e ervilhaca. Marcelo explica as características e os benefícios que cada planta gera ao solo, e consequentemente a produtividade das culturas. O nabo forrageiro possui rápida decomposição e da mesma forma libera rapidamente os nutrientes para a cultura, seja milho ou soja. Por ter uma raiz pivotante, que cresce em profundidade, o nabo tem a função de descompactar o solo. Outra planta de cobertura, centeio, possui uma quantidade significativa de biomassa e uma palhada que fica por mais tempo no solo. Essa palhada protege o solo da chuva, da erosão e contribui para conservar a umidade. A aveia preta da mesma forma tem alta produção de biomassa, e por ser uma gramínea, possui raízes superficiais e mais finas e uma boa palhada para a proteção do solo por mais tempo. E ainda, presente na área a ervilhaca, uma leguminosa que possui papel importante na fixação biológica de nitrogênio, contribuindo para a qualidade do solo e economia na adubação, principalmente a nitrogenada.
Conforme o extensionista, algumas plantas de cobertura têm desenvolvimento tardio, a exemplo das leguminosas que se desenvolvem melhor em temperaturas mais altas, e por isso, o produtor deve observar com quais plantas fará a cobertura verde. O produtor encontra mix de sementes já prontas que especificam o período de cultivo. O gestor da cooperativa destaca que na área onde hoje está sendo feita a cobertura verde será plantado milho, a partir da metade de setembro.
As quatro variedades, de forma conjunta, trazem como benefício principal a cobertura do solo protegendo contra chuvas torrenciais. O extensionista ressalta que um solo desprotegido tem grande perda de fertilidade, e por isso, a cobertura protege a terra da erosão e promove a chamada reciclagem de nutrientes, trazendo nutrientes que estão no fundo para a camada superficial do solo. Além disso, plantas de cobertura contribuem para fazer o ciclo biológico completo dos nutrientes necessários. Marcelo chama atenção que em São João do Oeste, cerca de 80% das áreas de milho são destinadas para produção de silagem, e a cobertura de inverno é importante para garantir a biomassa nas lavouras onde a vegetação é cortada no período de verão. “Seja para cultura anual ou perene, as culturas de inverno são extremamente importantes para firmar a produtividade no verão”, enfatiza Marcelo.
A Epagri realizou na última semana a avaliação da produtividade das plantas de cobertura da área demonstrativa, coletando amostras para análise com o objetivo de identificar a produtividade de palhada e a quantidade de nutrientes. O extensionista Marcelo explica que a produtividade de matéria seca das plantas de cobertura varia conforme as espécies. Na mistura de espécies, ou mix, com maior proporção de gramíneas, incluindo centeio, a produtividade foi de 7.021 kg de matéria seca/hectare. No mix com gramíneas, em maior proporção de nabo e presença de ervilhaca, a produtividade foi de 6.685 kg de matéria seca/hectare. Já no cultivo de nabo solteiro (forrageiro e tuberoso) a produtividade amostrada foi 6.195 kg de matéria seca/hectare.
Além da produção de volumoso que vai proteger o solo e alimentar os microrganismos benéficos as culturas de verão, Marcelo comenta que as plantas de cobertura tem a capacidade de reciclar os nutrientes que serão utilizados pelas culturas comerciais, a exemplo do potássio, onde uma cobertura vigorosa pode reciclar mais de 100 quilos do nutriente por hectare.
Ainda sobre o momento ideal da derrubada das plantas de cobertura, Marcelo orienta que seja feito quando as plantas estiverem em estágio reprodutivo, ou seja, após a floração e na fase de sementes. O extensionista lembra que não é necessário terminar com a palhada para plantar, pois sua função é justamente proteger o solo.



